O vento sopra calmo e, enquanto eu subo a trilha da montanha, sinto o frescor que toca meu rosto num beijo refrigerando-me por inteiro। À cada passo, mais perto eu fico do horizonte das Montanhas Azuis. Neste momento, eu me lembro das palavras de minha avó, Delina, antes de fechar os olhos para esta vida. Com sua mão muito branca e delicada ela acenou para que eu me aproximasse de sua cama. Pegou minhas mãos olhando-me com aqueles olhos castanhos claros brilhantes e disse: "Meu querido, Adryan! Faça de sua vida uma constante busca pelo seu progresso pessoal. Não feche os ouvidos para a voz interior que fala em sua consciência e orienta seus passos em direção à felicidade. Ouça seu coração, querido! Cada um de nós tem um propósito diante da vida e diante de nós mesmos. Descubra e siga o seu. Enquanto estiver ciente disso, as tristezas do caminho serão superadas mais facilmente e a força estará contigo em todos os dias, do nascer ao por-do-sol. Lembre-se: seu coração já conhece sua verdadeira missão. Deixe que ele indique o caminho." Então, o quarto foi preenchido pelo grito do silêncio। Sentia sua mão desfalecer entre as minhas e notava que a chama do olhar foi se apagando com o fechar das pálpebras। Como eu me sentia só naquele instante. Aquela que sempre fora a Fada Mágica da minha vida, já não estava mais comigo. Por um momento eu me sentia sem forças para superar aquela dor que me feria como o mais afiado punhal. Mas, aos poucos, envolvido pela profunda quietude, eu me lembrava do olhar de minha avó Delina, a Fada que observava embevecida eu correr pelos campos a brincar com as borboletas nos finais de tarde. E quando eu tropeçava e caía, ela sorria para mim incentivando-me a levantar. Foi com essa lembrança que eu entendi que, apesar da dor, eu deveria me levantar e prosseguir adiante। Na semana seguinte, logo nas primeiras horas da manhã, acordei com a chuva que se derramava fortemente। A ventania soprava forte abrindo rispidamente a janela de meu quarto. A cortina branca transparente tremulou com desespero. Aproximei-me da janela para fechá-la e um cheiro de terra molhada inundou meus sentidos. Fechei os olhos para sentir aquele aroma e ao abrir os olhos, eu vi o horizonte que se perdia na distância por entre as Montanhas Azuis. Naquele instante, eu ouvi uma voz que me disse: "Siga para as Montanhas Azuis। Lá está o seu tesouro।" Foi como se eu tivesse sido tocado por uma poderosa corrente elétrica. Meu coração bateu disparado bombeando o sangue pelo meu corpo, espalhando em mim a certeza de seguir o meu caminho em direção às Montanhas Azuis. E assim, eu deixo para trás tudo que já vivi até agora e sigo os impulsos de meu coração, acreditando na voz que me indica o caminho. O medo insiste em projetar sua sombra sobre mim, mas, a certeza de estar fazendo a opção certa empurra meus passos adiante. É o início de uma viagem para um lugar que eu não conheço, mas que sempre quis explorar e conhecer. |
